Nos dias 19 e 20 de maio às 20h, a cia chama teatro, com a presença ilustre de Tiago Luz, retorna aos palcos do Fábrica das Artes com o seu belo trabalho “Apenas o fim do mundo“, obra do dramaturgo francês Jean-Luc Lagarce. O valor do ingresso é R$20 inteira e R$ 10 a meia (classe artística, estudantes e terceira idade).
“As palavras pertencem metade a quem fala, metade a quem escuta.” (Michel de Montaigne)
Sinopse
Depois de anos de ausência, um filho retorna à casa da família para anunciar “lentamente,
calmamente” a sua morte próxima.
Uma tentativa de (re)encontro, de comunicação, de afeto.
Até quando e como isso é possível quando as palavras – na sua capacidade de dizer e de não dizer
– são tudo o que se tem?
Apresentação
Palavra.
Teatro.
Apenas o fim do mundo é um dos últimos textos escritos por Jean-Luc Lagarce, dramaturgo francês contemporâneo, morto prematuramente aos 38 anos. Sua dramaturgia foi objeto de minha pesquisa de mestrado concluída em 2015. O teatro lagarceano se organiza em torno da palavra – escrita, falada e não dita. Seus personagens falam do passado ou sonham com um futuro, e aparecem muitas vezes como figuras, suspensas num tempo-espaço indefinido, que só existem à medida que falam. Essa fala comporta tempos e espaços distintos e simultâneos, caracterizando seus personagens como uma espécie
de ‘narrador transitório’.
Com esse trabalho pretendemos estudar, na prática, a possibilidade de afetação desse narrador, tentando, ainda, expandir um pouco a ideia sobre as possibilidades do que seja teatro hoje, sobre a sua capacidade de comunicação como cena e/ou como texto e, por que não, como evento político de encontro.
Nós devemos preservar os locais da criação, os locais do luxo do pensamento,
os locais do superficial, os locais da invenção do que não existe ainda,
os locais da interrogação de ontem, os locais do questionamento.
Eles são nossas belas propriedades, nossas casas, a de todos e a de cada um.
Os impressionantes edifícios da certeza definitiva, não nos faltam,cessemos de construí-los.
Jean-Luc Lagarce
Proposta de Encenação
Depois de ter vivido toda uma história com esse autor (no papel de diretor, durante a graduação, e mais tarde como pesquisador, no mestrado) existe um desejo urgente de vivenciar, como ator, esse universo no qual a palavra é o centro.
Escrita em 1990, essa peça foi criada para um elenco de cinco atores. Hoje, nossa proposta é estabelecer um recorte a fim de investigar alguns elementos que nos interessam atualmente:
a) Tematicamente, o retorno a um lugar de pertencimento e a potência dos encontros e das palavras;
b) Dramaturgicamente, dar voz total ao personagem Luiz – o filho que volta e que tem algo
importante a dizer, mesclando com a leitura de trechos dos outros personagens.
Apostamos no monólogo como o formato que nos permite materializar essa investigação. A ferramenta do vídeo entra no jogo como forma de expor tanto a construção do texto – que é originalmente dividido em Prólogo / primeira parte (subdivida em cenas) / intermezzo / segunda parte (subdividida em cenas) / Epílogo – quanto auxiliar a evidenciar o nosso recorte – na medida em que não fazemos o texto na íntegra (pulamos cenas e/ou transformamos algumas em ações, sem fala).
Esperamos, ainda, que ao friccionar momentos do personagem com momentos de leitura, possamos abrir uma reflexão sobre esse tipo teatro que se apoia na palavra: seja enquanto personagem que se constitui e se revela pelo o que fala, seja enquanto texto dramatúrgico e a sua potência de sugestão e instauração de uma realidade.
Oficina
No dia 18 de maio, das 19h às 22h Tiago Luz oferecerá a oficina “ATOR: NARRADOR TRANSITÓRIO”, compartilhando práticas utilizadas no processo de elaboração do espetáculo “Apenas o fim do mundo”, de Jean-Luc Lagarce. Destinada ao público a partir de 16 anos, artistas ou interessados em geral, a oficina foca no trabalho do ator narrador, para aumentar a capacidade da percepção e valorização das palavras na cena e relação com o público. Saiba mais e faça a sua inscrição clicando aqui.
Ficha Técnica
Texto: Jean-Luc Lagarce
Tradução: Giovana Soar
Concepção, direção e interpretação: Tiago Luz
Iluminação: Marcel Gilber
Direção de arte: Luana Alves
Mini Bio
Tiago Luz é Mestre em Artes Cênicas pela ECA/USP onde também se formou em Direção
Teatral.
Participou do Festival Internacional de Teatro Universitário organizado pela Universidade de Santiago de Compostela (2006), tendo se apresentado em Santiago e Lugo; e do Festival
Mundial de Escuelas de Teatro, em Lima, Peru (2010).
Fundador da cia chama teatro, foi convidado pelo GTT – Grupo Teatral Ta ́lento, do qual fez parte, e dirigiu ‘Um retrato das três irmãs’ (2014), ‘ERRANTES – (título provisório)’ (2012), além disso, dirigiu ‘Essa casa’ (2015), ‘Refugo’, de Aby Morgan, ‘A caravana da ilusão’, de Alcione Araújo, ‘Citroações’ – processo colaborativo, ‘É isso…’– criação coletiva, ‘História de Amor (últimos capítulos)’, de Jean Luc-Lagarce, ‘A volta ao lar’, de Harold Pinter, entre outros.
Também é ator, tendo atuado em trabalhos de Rodrigo Batista, Cristiane Paoli Quito, Antonio Januzzelli (Janô), Carlos Justi, Chico de Assis, entre outros, e realizado intervenções com a Cia Inadequada – Inadequada Futebol Clube (2009); Correspondências (2010) e Baile? Onde? (2010) e performances com o Coletivo Vizo – Colunas (2008) e Muro em diagonal – VERBO (2009). Também na VERBO (2016), realizou a performance The Imbecil, de Fábio Morais.
Serviço
Apenas o fim do mundo
Teatro adulto – Drama – 50 minutos
19 e 20 MAIO 2018 – Sábado e Domingo – 20 horas
Valor: R$ 20,00 (Inteira) e 10 reais Estudantes/Idosos e Antecipado
Informações 19 – 98838-1990